"Fui dormir bonita e acordei FABULOSA!"
Imagem meramente ilustrativa.
Olha aqui lindeza, a história que eu vou te contar agora é cheia de paixões, sucesso, obsessões e redenção, como toda boa história de uma… SUPER-VILÃ! Isso mesmo, nunca me considerei a super-heroína da parada, porque a única coisa que eu sou realmente muito boa é ser uma garota muito, muito má! Hahaha!
Não vou entrar em detalhes na parte da criança bonita, graciosa e maravilhosa que eu fui, e nem da vida perfeita que tive por nascer em berço de ouro. Minha história de vilania começa mesmo na pré-adolescência, a fase da rebeldia, que eu não seguia mais o caminho trilhado pelo papai Almeida.
Meu primeiro plano maléfico foi pintar o cabelo de rosa pra provocar meus pais. Tá achando pouco, querido? Calma que esse foi apenas o primeiro passo, porque em seguida comecei a namorar todas e todos da escola que eu poderia beijar, foi aí que eu comecei a reparar num padrão curioso: fiquei forte ao beijar o valentão da escola, fiquei rápida ao beijar o atleta, e inteligente ao beijar a nerd.
Comecei a desconfiar, mas só tive certeza dos meus poderes quando beijei uma garota meta-humana com a pele rosada - ela mesmo, a famosa Bia Pink me beijou no ensino médio - e eu também fiquei com a pele rosa logo em seguida. Descobri que eu conseguia replicar habilidades, poderes e mutações com meu poderoso e delicioso beijo, bom, pelo menos era o que eu pensava com meus hormônios à flor da pele, né? Mas depois comecei a pensar… “e seee…?”.
Então eu fui a caça, e não foi difícil arranjar meta-humanos que me desejassem, quem não me desejaria? Essa foi a melhor fase da minha vida, a excitação, a descoberta de novos prazeres e novos sentimentos, e, claro, a replicação de diversos poderes. Logo eu percebi que precisava apenas do toque físico prolongado pra conseguir replicar os poderes, e nada mais profundo do que eu imaginava, mas de não importou para mim, eu já estava obcecada nessa época.
Em seguida veio a fase chata, percebi que já não estava mais segurando as habilidades e poderes por muito tempo e isso só me deixou mais obcecada. Só conseguia pensar naquilo… em conseguir mais poderes. Como estava crescendo o número de vigilantes em Nova Capital, eu tive o plano brilhante de me colocar em perigo para chamar a atenção dos gostosos e musculosos super-heróis da cidade, com atenção especial ao Xanxan, com aquele corpo maravilhoso.
Alguns heróis começaram a perceber minha estratégia nada discreta de chamar atenção, e pararam de vir ao meu socorro. Chegou a hora de tornar meu plano um pouco mais maléfico: se eles não vem mais para me salvar, eles deverão tentar me parar. Com o tempo, nada mais era páreo para mim, e nenhum poder era grande o suficiente para minha sede. Roubo, destruição de propriedade e estelionato - nunca entendi esse papinho de estelionato - foram todas as acusações que enfrentei na justiça após me deixar ser derrotada pela Atômica e a Fabs juntas. Sim, elas até hoje dizem o contrário, mas eu deixei elas ganharem, porque de que adianta ser má quando não existe o bem para me deter?
Depois de pagar a fiança e sair da prisão, resolvi fazer terapia com um hipnólogo bastante respeitado e realizar uma limpeza espiritual de toda a energia ruim que eu estava carregando. Passei quinze dias no Retiro Ashram, uma comunidade alternativa com tratamento intensivo de sessões individuais e em grupo. Enfim estava me sentindo purificada novamente, e isso significava que não mantive nenhum dos meus poderes replicados, mas de alguma maneira ainda me sentia forte, ligada empaticamente aos meus irmãos de alma - era como a gente se chamava lá dentro.
Por alguma ironia da vida, o destino me escolheu para lutar, mas dessa vez, o adversário era outro: um gostosão de outro mundo que hoje eu chamo carinhosamente de Bartô. Eu olhei aqueles guerreiro suado desafiando os heróis da terra, pensei “porque não?” e então vi minhas novas amigas Atômica e Fabs se unindo contra ele e resolvi ajudar. Eu sequer precisei encostar nele pra replicar todo seu poder, só precisei me concentrar naquelas palavras de raiva e ousadia e já estava tão forte quanto ele.
Foi aí que entendi tudo, eis minha grande redenção: se era para ser a garota má, eu iria ser a mais má da história, com quem merecesse, é claro.
Pedro RodriguesReformulado para o jogo pela Equipe FH
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