“Eu sou o escolhido de Kianumaka-Manã para proteger seu povo da opressão.”
Imagem meramente ilustrativa.
A morte de um ente querido é um momento de reflexão sobre vida e morte para qualquer um, mas na minha vida, foi um verdadeiro ponto de virada. Há três anos enterramos minha bisavó, Rute, uma sábia e divertida velhinha descendente do povo Xakriabá. Lembro-me das grandes reuniões de família lá no norte de Minas, na fazenda do meu bisavô. Sentávamos todos para contar histórias e nos divertir.
Numa de nossas últimas idas, antes da bisa adoecer, estávamos todos sentados em roda ao seu redor, e ela contava a história da Deusa Onça, Kianumaka-Manã. Ela falava que existiam várias versões da história, mas que ela conhecia, sua avó havia contado para ela. Jaci, a deusa Lua, havia concedido à guerreira Aruanã a força e agilidade das onças pintadas para que ela pudesse proteger seu povo dos fazendeiros que invadiam suas terras, e em gratidão, Aruanã havia entregado sua primeira filha para Jaci, que a transformou em uma grande onça-pintada que alimentava todo seu povo.
Nesse dia específico minha avó passou mal, e antes de ir para o hospital, pediu para meus pais me entregassem um colar com pingente de onça trabalhado em pedra negra, o qual usei por vários anos pelo valor sentimental que carregava. Após a morte da bisa, eu tive um sonho em que ele me falava que estaria ao meu lado sempre que eu precisasse, era só segurar o colar que havia me dado.
Um dia, enquanto estava caminhando na rua quando fui atacado por diversos homens armados que me perguntavam onde estava o amuleto de Kianumaka. Não lembro muito do que aconteceu nesse dia, só me recordo de ter sido empurrado por um desses invasores contra uma parede. Na hora me lembrei do sonho e agarrei forte a onça de pedra negra e pensei em minha bisa. Logo tive a impressão de ser transportado para outro lugar com o caos ao meu redor sumindo, e, quando abri meus olhos, nada em meu redor era o mesmo.
Para onde quer que eu olhasse, tudo que via era floresta. Estava de noite, e a luz da lua iluminava as árvores. Num ponto específico, vi dois seres se aproximando: uma mulher e uma pequena onça pintada, que em uníssono disseram que há muito tempo aguardavam por mim, que eu era seu novo escolhido. Em seguida, mulher e onça se fundiram em um.
- Você pode não se lembrar agora, mas sei que sente isso. Nossa missão ainda não acabou. Seu espírito renasceu e está pronto para continuar a proteger meu povo de toda a opressão. Você é meu avatar, Miguel. O escolhido de Kianumaka-Manã. Você não pode falhar…
Então, tudo mudou. Alguns sonhos se seguiram à sua fala, cenas estranhas e atormentadoras. Fugas, perseguições, batalhas contra fazendeiros, num deles, uma versão jovem de minha bisa lutava contra eles... então, acordei. Estava em casa, no meu quarto, confuso, sem saber se aquilo era um sonho ou não, até sentir uma forte vibração do amuleto em meu pescoço. Senti que tinha algo de diferente em mim. Sentia a presença da deusa-onça comigo.
A partir de então, tive certeza de algo: tudo seria diferente. Sentia que eu tinha o dever de ajudar quem precisa de proteção contra os opressores dos nossos tempos. Depois desse dia, tudo o que precisei fazer foi arrumar um uniforme e uma máscara.
Gustavo ZonaroReformulado para o jogo pela Equipe FH
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