Resumo

Histórico

Eu não tenho nenhuma lembrança da minha vida antes do laboratório, na verdade eu nem sei se tinha uma, a primeira coisa que me lembro era estar dentro de uma cápsula, ela era muito pequena, não dava pra me mexer a vontade, eu não tinha uma forma definida, mas podia sentir tudo ao meu redor, em algum momento eu comecei a ouvir e enxergar, foi aí que eu conheci ela, Dra Renata Souza, uma das cientistas do lugar, apesar de às vezes terem outras pessoas lá, só ela cuidava de mim, me alimentava e me dava atenção, ela tinha o sorriso mais lindo, mesmo eu não tendo visto muitos.

Ela sempre tirava amostras de mim e falava que eu seria a resposta pra tudo, e que eu ia salvar o mundo, os outros caras eram cruéis comigo, algumas vezes me davam uns choques e eu me dividia em duas, era uma sensação horrível, e essa outra parte minha sempre era levada embora, não tinha a menor ideia pra onde ia.

Com o tempo eu fui crescendo, e eu fui colocada em outro lugar, uma sala que parecia um aquário, mais espaçosa e na frente da mesa da Renata, lá eu pude ver um porta retrato dela abraçando um menino, acho que era o filho dela, os dois pareciam muito felizes, e aquele abraço parecia ser o melhor lugar pra se estar, e foi com esse pensamento que tudo mudou, nesse dia ela foi tirar uma amostra minha, eu não me contive e avancei nela pra dar uma "abraço", nisso ela se assustou e quebrou a proveta que estava na mão, fazendo um corte, ela saiu correndo, e lacrou a porta do meu aquário, um pouco do sangue dela caiu em mim, senti uma mudança muito forte acontecer comigo, eu apaguei, e quando voltei tudo estava diferente, eu tinha braços, pernas, cabeça, nariz, boca… Eu tinha um corpo, a sensação era maravilhosa.

Quando a Dra Renata me viu ficou em estado de choque, eu era a cara dela, só que mais jovem, ela não sabia o que fazer, então me escondeu, no dia seguinte ela trouxe umas roupas, me fez vestir e de algum jeito me levou de lá, eu não lembro bem. Passei uns meses no apartamento dela, ela começou a me ensinar a falar e agir como uma pessoa comum. Ela me falou sobre o menino daquela foto, era Guilherme, o filho dela que faleceu muito jovem, eu podia sentir tudo que ela sentia, era muito forte pra mim também, finalmente nós nos abraçamos de verdade, e como eu pensava, era bom demais.

Eu ficava bastante tempo sozinha, e fuçava a casa inteira, queria aprender como cada coisa funcionava, uma hora, eu ingenuamente enfiei o dedo na tomada, o choque fez eu me duplicar, igual no laboratório, tinha outra igualzinha ali pra me fazer companhia, era legal, o ruim é que essa cópia evaporava depois de algumas horas, mas eu também fui entendendo como fazer essas duplicatas sem os choques.

Um dia ela chegou aflita em casa, e começou a arrumar uma bolsa com as coisas dela, nós iríamos embora, parece que alguém queria me pegar, fugimos no carro dela, ou pelo menos a gente pensou que sim, quando estávamos na rodovia para sair de Nova Capital, duas vans começaram a nos perseguir em alta velocidade, a Renata perdeu o controle do carro e capotamos várias vezes pra fora da pista, eu fiquei ilesa, mas ela ficou muito ferida, e sangrava demais, eu tentei tirar ela das ferragens do carro, mas não dava, com suas últimas forças ela mandou eu não deixar ninguém pegar aquela bolsa e fugir dali, mesmo contra a minha, eu fiz o que ela pediu, deixei uma cópia minha alí pra não ser seguida e corri para o meio do matagal que caímos.

Após horas de fuga, eu percebi que estava sendo seguida, mas não era por pessoas, mas sim por seus ratos, parecia que eles queriam que eu os seguisse até aqui pra te encontrar, eu to cansada e com fome, será que eu posso ficar por aqui por enquanto? Aliás, pode me chamar de Renata também.

Autor

Equipe FH