“Todo astro que se preze precisa de apenas duas coisas: um nome impactante e uma boa frase de efeito.”
Imagem meramente ilustrativa.
Luzes, câmera e ação. Foram as últimas palavras que eu escutei antes da minha vida mudar para sempre, mas antes de chegar nesse ponto, tenho que voltar um pouco na minha história, a história de como me tornei um super-herói. Tudo começou lá atrás, quando era um pequeno catatau, apaixonado e vislumbrado com os filmes de brucutus, principalmente do Peter Valente, o maior brucutu de todos os tempos. Foi aí que comecei a lutar, correr e treinar todos os dias para viver grandes aventuras como ele. Enfim… nasceu o sonho de virar astro de cinema.
Com 18 anos me mudei pra Nova Capital e quebrei a cara… só ator branco consegue papel nessa merda de cidade. Minha descendência indígena fechou mil portas antes que eu conseguisse um pequeno papel num episódio de uma série: um índio… guerreiro… e capanga do vilão. Apesar de detestar essa ideia, precisei aceitar porque o último privilégio que eu tive foi mamãe preparar minha lancheira do Valente.
Fiz uma participação hedionda, tive apenas uma fala, e precisei dar umas três ou quatro piruetas. Mas isso foi o bastante pra chamar a atenção de um olheiro de dublês - sequer sabia que existia esse tipo de coisa no cinema - que me chamou pra treinar com uma equipe profissional de dublês. Não era bem o que eu queria pra minha carreira, sequer veriam meu rostinho angelical nas telonas, mas era bem menos humilhante que vestir um saiote de palha e pinturas corporais sem significado.
Ali comecei a viver um pouco da adrenalina que sempre imaginei que o Valente vivia nos seus filmes, passei a lidar com o perigo real. Foi na gravação do filme “Uracubá” que tudo mudou pra mim. Lembra daquela notícia da explosão no set do filme? Então, o canalha do diretor cismou com a minha cara e pediu pra repetir dez vezes a mesma cena em que eu deveria pular de uns cinco metros de altura e cair em cima de um carro. Eu já estava exausto, e na décima vez que escutei “luzes, câmera e ação”, meu sangue ferveu, mas eu respirei fundo e pulei.
Apaguei por cerca de dois segundos depois que caí em cima do carro, e a cena que eu vi ao recobrar a consciência foi de grito e histeria, uma explosão havia ocorrido no set, e eu estava no centro de tudo. Na hora só consegui pensar em uma coisa: “o que Valente faria?”, e fiz o que parecia ser mais lógico: corri assustado. Não sei como, a notícia correu rápido até a famosa heroína Fabricadora, que no dia seguinte me ofereceu uma oportunidade de ouro: ser um super-herói de verdade. Mas de que adianta ser um herói de verdade se não tem ninguém pra torcer e vibrar por você no cinema? Por isso estou te entregando meu primeiro roteiro: “Fábrica de Heróis”, estrelando: Impacto!
Pedro ValenteReformulado para o jogo pela Equipe FH
Veja os defensores do Universo da Fábrica de Heróis