“A previsão para hoje é de um céu ensolarado e sem nuvens… mas só se você não me irritar!”
Imagem meramente ilustrativa.
Olha, vou confessar que nunca imaginei que essa fama toda ia me atingir assim, sabe? Nunca quis usar meu poderes pra alavancar minha carreira nem nada do tipo, até porque eu nem estou focada mais na carreira profissional, só na carreira de heroína mesmo, e assim, tenho que dizer que já até recusei as chamadas daquela agência de super-heróis lá, vocês sabem qual é né? Mas tá, vou contar como tudo começou até eu chegar aqui.
Meus pais me contam que sabem dos meus poderes desde que eu era bem novinha, mas nunca foi uma coisa tão grande assim. Eles se assustaram com a primeira vez que viram uma nuvem sobre o meu berço, num dia que eu chorei horrores. Na hora acharam que era até algum trem espiritual, sabe? Só quem é do interior de Minas sabe como é isso. Eu cresci então cercada num ambiente super-protetor, com meus pais evitando ao máximo que eu chorasse ou me estressasse.
Já te adianto que isso não foi uma ideia nem um pouco saudável, né? Eu cresci acreditando que devia suprimir meus sentimentos pra que não me irritasse ou ficasse muito triste, se não, era chuva forte na certa, e não tinha como explicar para os vizinhos como que nossa casa sempre alagava. Me incomodava tanto que meus poderes eram tão… catastróficos, que por toda minha adolescência eu acreditei que eram na verdade alguma maldição ou algo do tipo, e passei a tentar escondê-los de toda a forma possível, o que me fez criar uma personalidade cativante e alegre desde essa época, sendo responsável pela rádio da escola, pelo grêmio estudantil e na organização de diversos outros projetos da escola.
E justamente por trilhar esse caminho no ensino médio, eu decidi sair de Caratinga e me mudar pra Nova Capital e entrar para a faculdade de jornalismo na UNC, usando sempre do meu carisma irresistível pra conseguir o que eu queria, hahaha… Isso foi também meu trunfo para abrir as portas para o mercado de trabalho. Em pouco tempo, passei de estagiária para repórter e depois para “garota do tempo” do Jornal da Capital, o maior e mais importante telejornal do Brasil. Lá no JC eu ganhei o apelido de Toró pelos fãs, tanto por ser a apresentadora da previsão do clima, quanto pela abreviação do meu nome. Coincidência? Acho que não. Os roteiristas estavam empolgados pra escrever minha história, hahaha.
Eu lembro bem quando tudo começou a desandar para mim. Eu tinha uma rival, que me acompanhou todo esse tempo desde a faculdade até o jornal, e nós duas estávamos disputando a vaga de âncora do que iria abrir com a saída da Fátima Fernandes, nossa mentora. Essa foi uma época de fortes chuvas em Nova Capital, pois eu não estava mais conseguindo controlar tão bem minha ansiedade. Para minha tristeza, eu não apenas perdi para aquela nojenta, como o anúncio foi ao vivo, poucos minutos após minha apresentação do clima naquele dia.
Bom, como já podem imaginar, eu não consegui mais controlar tão bem minhas emoções e explodi em choro de raiva e tristeza, fazendo cair em Nova Capital a tempestade mais forte dos últimos 30 anos. Foram dias de muita chuva, mas eu não estava mais conseguindo controlar minhas emoções, e consequentemente, não controlava mais meus poderes. Sim, vocês tem que entender que não sou perfeita também, e que eu posso errar.
Enfim, após alguns dias, uma mulher entrou em contato comigo, ela se apresentou apenas como Exponenciadora, e disse que sentiu que eram meus poderes que estavam causando toda aquela tempestade em Nova Capital, e que se eu quisesse a ajuda dela, juntas poderíamos reverter a situação e acabar com aquela tempestade, sob a condição de que eu também deveria procurar ajuda psicológica para saber lidar melhor com minhas emoções, e não apenas suprimi-las. Bom, estou resumindo muito aqui pra vocês, mas foi uma conversa de horas e horas. No final das contas, ela conseguiu me convencer e me auxiliou a dissipar todas aquela chuva e trazer o sol de novo para nossa cidade.
Bom, hoje em dia a terapia tá em dia e eu já lido bem melhor com meus poderes, e percebi que poderia fazer a diferença para ajudar verdadeiramente as pessoas. Por isso, inspirada pela Expo, eu resolvi abandonar toda a minha carreira para me dedicar a ajudar os outros.
Vinícius Goro
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