"Um guerreiro que abandona o posto, não merece a espada que conduz."
Imagem meramente ilustrativa.
- Lembro-me de como tudo começou como se fosse ontem... Não há um dia sequer em que eu consiga, mesmo que por uns instantes esquecer toda a desgraça que eu vi. Eu detesto contar essa história, então espero que você me ouça com atenção, pois esta será a última vez que a contarei…
Eu sou o Sir Henrique Hugh, o Vigia. Fui o antigo líder da guarda real a serviço da vossa majestade o rei Arthur VII e sua esposa, a rainha Amanda. Sempre fui um cavaleiro fiel ao reino, nunca questionei as ordens e sempre as cumpri com louvor, isso me levou a meu título e função como o responsável por vigiar e proteger o meu povo.
Certa vez, fomos informados sobre ataques em uma pequena aldeia, ao norte do reino. Partimos então com uma caravana para averiguar o que havia acontecido, e para a nossa surpresa, não encontramos ninguém. Haviam sinais de luta, casas destruídas, sangue por toda a parte, mas não havia um corpo sequer no local, nenhum sobrevivente, nada…
Durante a noite, enquanto descansávamos, fomos atacados por um grande grupo de pessoas em um estado de fúria que eu jamais havia visto. Eles surgiram de todos os lados. Mas não se vestiam como guerreiros ou saqueadores, eram aldeões comuns. Homens, mulheres, velhos e até crianças. Todos carregavam um traço em comum, estavam raivosos como animais, e tinham um olhar morto estampado em seus rostos. E de fato, eles estavam mortos.
Algum tipo de magia maligna os mantinha de pé. Foi uma luta complicada, precisamos perder alguns homens para perceber que a única forma de pará-los totalmente seria decapitando todos eles… sim, todos eles. Dias depois, voltamos ao reino, para avisar ao nosso rei sobre o ocorrido, mas as notícias que recebemos ao chegarmos lá eram ainda piores.
Descobrimos que outros vilarejos ao redor já haviam sido dominados pelas hordas de mortos vivos, formando um dos maiores exércitos já vistos em nossas terras. Eles invadiam as aldeias, matavam todos, e minutos depois, os mortos se erguiam se juntando a essa horda maldita. Pelas informações dadas, quem estava por trás disso tudo era um feiticeiro conhecido como Algoz. Que inclusive, no passado foi parte do conselho real, mas acabou sendo expulso por se envolver com rituais místicos proibidos, como necromancia e pactos demoníacos.
Desesperados, o rei e a rainha sabiam que aqueles ataques eram uma vingança orquestrada por Algoz, que só pararia até tudo estar acabado. O rei então reuniu os sábios do reino, feiticeiros e os ferreiros lendários. Nós os cavaleiros reais, os poucos restantes, éramos a última linha de defesa que nosso reino ainda tinha, mas éramos apenas homens, lutando contra seres praticamente imparáveis.
Então, a mando do rei, foram forjadas armaduras, feitas do mais puro e resistente metal. Essas armaduras foram reforçadas com magias e feitiços de proteção. Além disso, eu fui agraciado com a espada Excelsior, a arma mágica mais poderosa de todos os reinos, Até hoje apenas reis eram dignos de empunha-la, e Arthur com toda sua sabedoria me presenteou com sua espada, para que eu pudesse cumprir com minha missão.
Era uma manhã cinzenta e chuvosa, o sol estava escondido. Sentimos tremores de terra, sabíamos que eles estavam chegando. Eu juro, nunca havia visto um exército tão grande. Em questão de minutos eles tomaram nossas primeiras linhas de defesa. Eu e meus irmãos cavaleiros lutamos bravamente. Minha armadura me protegia dos ataques, e minha espada era capaz de exterminar com facilidade qualquer um que me atacasse, mas eles eram muitos, e a cada minuto, nossos números eram reduzidos. Em certo momento, percebi que todas as linhas de defesa haviam sido derrubadas, o reino estava tomado, era o fim. Eu havia falhado em minha missão.
Foi quando diante de meus pés uma fenda se abriu e por ela eu fui tragado. Um jovem com uma vestimenta estranha, me explicou o que estava acontecendo. O mundo que eu conhecia estava condenado a acabar independente do que eu fizesse. Sem rumo, sem um reino para proteger e sem mais nenhum propósito de vida, este Viajante me propôs uma nova tarefa, e agora unido a outros que, assim como eu, não tem mais um lar, eu venho seguindo com essa missão de proteger não só uma terra, mas todas as terras, meu dever agora é vigiar e proteger o multiverso.
Hugo Henrique
Veja os defensores do Universo da Fábrica de Heróis