Resumo

Histórico

15 de agosto de 1931: a manchete na capa d'O Globo dizia em letras garrafais “Mulher mascarada desmonta rede de prostiuição de polacas e 5 homens são presos.”. 30 de maio de 1942: “Vigilante alada é vista resgatando mulher de abusadores na Tijuca, até o momento, ninguém foi preso.” 26 de setembro de 1954: “Mascarada salva mulheres judias em um incêndio criminoso. Testemunhas afirmam…”

05 de fevereiro de 1972: “Harpia volta a causar terror no Rio. O empresário Luiz Luggo afirma que tive prejuízo de mais de …” 07 de março de 1972: “Luiz Luggo é encontrado morto em seu apartamento. Indícios indicam que ele estava envolvido em esquema de tráfico sexual de mulheres.” 13 de julho de 1983: “Liderados pela notória criminosa conhecida como Harpia, grupo autointitulado “Bem Feitores” causa confusão…”. 07 de Novembro de 1985: “Tragédia Nacional. Grande explosão ocorre em Brasília. Autoridades afirmam que…”

12 de maio de 2001: “Lenda ou Legado? Confira nossa série documental sobre a Harpia que depois de quase duas décadas voltou aos holofotes.” 24 de julho de 2015: “Entenda como Harpia, a primeira heroína de Nova Capital, influenciou as leis para a descriminalização do vigilantismo no Brasil”. 02 de novembro de 2021. “Conheça Canário, a ajudante da Harpia que tem conquistado o coração do público teen.”

Minhas filha, esses são apenas alguns recortes de jornais da nossa coleção, que serve com o único propósito de mostrar nosso lugar no mundo, como nos posicionamos diante dele. Harpia é um nome maior que eu, é um manto que já existia antes de eu nascer, e eu espero que continue após eu partir.

Tudo começou com Dolores Mesquita, uma líder feminista de família rica. Seu ativismo foi incomodo demais, e ela sofreu uma agressão e tentativa de estupro de um vereador, mas ela foi salva por uma vigilante indígena, que sumiu tão rápido quanto apareceu. Logicamente a história morreu aí mesmo, o tal vereador foi reeleito na eleição seguinte e ela sempre foi desacreditada. Quando ela percebeu que os avanços que ela fazia na política não eram suficientes para se fazer justiça, começou uma série de investigações e fez justiça com as próprias mãos por mais de 20 anos.

Depois disso, veio a Isabel Freitas, que adotou o nome que a mídia deu para Dolores Mesquita, e reproduziu sua luta, mas foi se tornando mais radical e agressiva que sua antecessora, num período em que foi necessário ser assim. O governo da época considerou ela uma criminosa, mas a população sabia que seus atos eram heróicos. Sabendo que o mal maior estava em Brasília, passou a atuar lá, liderando os Benfeitores. Infelizmente, sob sua liderança, as ações do grupo também foram incômodas demais, e então aconteceu a explosão de Brasília.

Eu cresci ouvindo as histórias exageradas da Harpia. Diziam que foi uma heroína que lutou por mais de 60 anos. Outros diziam que ela tinha grandes asas e garras e que devorava seus inimigos, mas isso sempre me pareceu muito absurdo. Passei a investigar a história, e tudo me levou até O Poleiro, a base secreta da Harpia. Encontrei o uniforme, os equipamentos e tive contato com a verdadeira história: descobri que Dolores treinou Isabel após sua aposentadoria e enviou a garota para lutar em Brasília.

A partir de então decidi seguir o caminho da Harpia. Trouxe tudo que eu pude para Nova Capital e dei seguimento a sua luta. Como os tempos mudaram, a Harpia não foi vista mais como uma criminosa, mas aplaudida como heroína, e isso é muito importante pela mensagem de inspiração, para que outras garotas possam se levantar e lutar juntas.

Olha, eu quero que você entenda uma coisa, quando eu te adotei eu jamais imaginei que você trilharia os mesmos caminhos que o meu. Esse é um caminho difícil e perigoso. Mas… por mais que você seja apenas uma adolescente, eu resolvi confiar no seu coração e aceitei te treinar, pois é essa a mensagem de inspiração que a Harpia deve passar. Por isso quero te apresentar uma pessoa muito especial para mim, que me treinou por todos esses anos, foi minha conselheira, minha amiga, minha mentora: Isabel Freitas, a Harpia II.

Autor

Daniel Cavalheri e Tiago Tucci